A Face da Honestidade
Sister Mohini apresenta um espelho que pode proporcionar a todos nós uma útil reflexão.
Às vezes, a ambição sem objetivo, propósito ou clareza pode ser perigosa. A ambição vira algo bom quando há discernimento de como um desejo pode afetar aos outros. Essa é a verdadeira honestidade. Honestidade é algo que não traz mal para si mesmo nem machuca os outros.
Na maior parte do tempo, quando pensamos em valores como humildade e leveza, os pensamentos se voltam para o eu interior. Mas quando pensamos em honestidade, o pensamento se expande para o exterior. O conflito surge quando começamos a pensar que honestidade significa satisfazer todos os nossos próprios desejos. Quando a honestidade é entendida como algo que traz satisfação apenas para si próprio, não se torna uma honestidade completa.
As pessoas viciadas às vezes têm a impressão de que não sentem dor. É a mesma coisa com os pensamentos. Alguns deles não são benéficos para nós, mas permitimos que continuem em nossa mente porque não sentimos o dano que eles nos causam. A honestidade não é somente ser natural, mas trazer para nós mesmos o que é bom e positivo.
Quando uma pessoa usa uma linguagem ofensiva, ela pensa que está apenas sendo “franca”. Contudo, essa franqueza é uma forma de desonestidade porque a pessoa não está machucando apenas o outro, mas também a si mesmo. O poder de discernir é necessário para determinar quais são as palavras que trarão alívio e paz para si e para os outros. Isso é honestidade.
Cada parte do corpo tem seu lugar. A língua deve ficar atrás dos dentes. Por isso, é dito que devemos pensar muito antes de falar, pois a ferida causada pela espada da língua cicatriza-se de forma muito lenta.
Se você é honesto, qualquer pequena dificuldade apenas vem para torná-lo mais honesto. Ao desempenhar as várias atividades diárias, deveríamos nos perguntar: “Será que eu realmente estou sendo honesto?”. Qualquer dificuldade que surge é por causa da falta de honestidade. Quanto mais honesto somos, mais sentimentos de leveza temos, e as cargas são retiradas de nós.
Precisamos ter certeza de que não haja egoísmo algum misturado com nossa honestidade e que não estejamos tentando manipular uma situação ou pessoa em nome da honestidade. Qualquer coisa que seja verdadeira ou real não deve misturar-se. A honestidade – comigo mesmo, em nossas palavras e em nossos relacionamentos – é muito importante.
Ninguém pode tomar de nós aquilo que nos pertence, da mesma forma que não podemos tomar o que pertence aos outros por cobiça ou medo. A vestimenta de Ghandi era simples, pois ele acreditava que, se fosse diferente disso, sentir-se-ia culpado por estar usando a cota de alguma outra pessoa. Quando aprendemos a compartilhar, nos tornamos livres da inveja e as coisas parecem vir para nós.
Antes de grande parte de nós tornar-se buscador espiritual ou praticante, experimentamos desarmonia, pois quebramos algumas leis do universo. Uma vez que aprendemos a adotar honestidade, não só a desarmonia se dissolve, mas também nunca mais temos medo do que nos vai acontecer. Quando há falta de honestidade, vivemos no medo. Falta de honestidade cria tristeza e insegurança. Uma pessoa honesta vai sempre se sentir segura.
O respeito é a base essencial da humildade e nós deveríamos respeitar as pessoas pelo que querem ou pelo que são, mesmo sabendo que precisam mudar algumas coisas em seu caráter. Receberemos respeito de volta de acordo com o quanto de respeito nós dermos aos outros.
O inverso da humildade é o ego. Podemos desenvolver o ego por possuir muitas coisas ou por não possuir absolutamente nada. E a inferioridade também é considerada ego. Para se destruir o ego é necessário saber que somos apenas tutores de nossos pertences. Ser um tutor significa que não possuímos alguma coisa, mas que aquilo nos foi dado. Ninguém trouxe nada consigo para este mundo. Quando viemos, não estávamos nem vestindo as nossas roupas, mas estas foram dadas para nós. Na extensão em que, com honestidade, conseguimos ser zeladores ou tutores, nessa mesma extensão podemos experimentar abundância, e então, a arrogância é desnecessária.
Nós testemunhamos a experiência do peso, pois andamos por aí com uma “consciência de títulos”: “eu sou isso, eu sou aquilo”. Isso nos torna sobrecarregados. Se realizarmos nossas tarefas apenas como tutores, podemos nos sentir muito, muito leves. Outra razão pela qual experimentamos carga é porque não temos tolerância ou paciência suficientes. Assim, respondemos negativamente em nossas relações com os outros e não sabemos como perdoar. O perdão também significa doação. Nós nos tornamos extremamente leves quando doamos. Tome aquilo que lhe seja útil e não crie um arquivo com a negatividade de ninguém.
Sister Mohini é Diretora dos Centros da Brahma Kumaris no Caribe e nas Américas do Norte e do Sul.
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